sexta-feira, 10 de outubro de 2008

É isso?

A dor ainda aguça meus sentidos mais do que qualquer outra coisa. Meu raciocínio acelera, célere, lépido, quase cruel, e então minha fichas caem com o peso de chumbo. Converso com músicas, mas como elas só conversam entre elas, quietas e silenciosas, eu me sento e escuto.

É isso? Nosso amor se tornou uma pira funerária, com labaredas famintas e grossos rolos de fumaça que se esticam e se desenrolam, mas olhando a cena você constata: pôxa, como é bonito. Eu digo "bacon", você diz "salada"; eu digo "marginal", você diz "consagrado". Eu engulo, você experimenta.

É isso? Pra ser sincero, um dia desses, num desses encontros casuais, talvez eu diga

... minha amiga!
Prazer em vê-la!
Até mais!,

e essa possibilidade me cai como um soco frio no estômago.

... prazer em vê-la!,

e meu corpo se incendeia, fico pensando se meu rosto ficou vermelho.

até mais... ,

e desmorono por dentro, de alto a baixo, até não sobrar nada. Se sobra, pelo menos não faz mais barulho, não emite mais som, não respira nem reclama. Clinicamente, o diagnóstico é "temporariamente morto por dentro".