sexta-feira, 25 de julho de 2014

Orquestra de milagres

Acordar de forma destemida e então operar uma osquestra de milagres, hoje o dia certamente será diferen... ah, mas que sono fodido.

Meu ânimo se esvai em corte profundos e supurados de um tédio por tudo imposto (o tédio é o imposto da vitória, ressaca da conquista). Lembro-me da energia, contudo; lembro-me de um estado de espírito despido de por quês, desnudando amplas extensões daquilo que não era: aquilo que viria a ser.

Minto, porém: é precisamente essa alma letárgica meu porto, minha casa de plácida mobília indistinta, abandonada a definhar mais lentamente que os estudiosos de seu definhamento. Sempre velha, sempre antiga e tão igual.

Noto o mundo com um olhar semicerrado de exaltada exaustão. Me canso em mim e, miserável de apoios, me deito e aguardo pelo segundo cansaço, cansaço conformado, desistente.

Durmo. Me lanço com sofreguidão ao sono... para acordar de forma destemida e então operar uma orquestra de milagres. Amanhã o dia certamente será diferente.