quarta-feira, 13 de abril de 2011

You used to be one of the rotten ones

and I liked you for that...

Embora não passe de hipocrisia artificial, devo confessar que me alivia saber que você está bem. Como já dizia o rapaz que morava comigo, "se você fez errado, não te consola o fato de que alguém conseguiu fazer certo?", e sim, consola mesmo. A felicidade alheia é uma verdade distante que não admite muita frescura: ou você se contenta calado ou simplesmente morre de inveja, e, dado o cenário, acho que prefiro esse meu silêncio pretensioso. Por mais que eu tenha parasitado sua libido e sua decência durante todo esse tempo, acho que ainda é possível escolher uma maneira sensata de seguir em frente, de te ver seguindo em frente. Mesmo que parte de mim se corte de dor pela dúvida do que poderia ter sido, e também pelo desperdício do que foi, esse é ao menos um preço pequeno - ou se preferir, repleto de patética canalhice - a se pagar frente à moratória do meu mau caratismo.

E bom... é isso.



PS: sim, ainda há espaço textual para Emily Haines perpetrar o que eu sou por trás de todas essas máscaras:

Now you're all gone, got your make-up on
and you're not coming back... (ain't coming back)
Park that car, drop that phone,
sleep on the floor, dream about me
Bleachin' your teeth, smiling flash
Talking trash, under your breath

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Unlikely, pressing "unlike"

Pra mim não deu, e você sabia que ia ser assim.

Engoli a falta de coerência das suas explicações por praticamente quatro estações (verão, primavera, outono e inferno), apodrecendo sozinha na noite dos sábados em que eu te dava por morto ou desaparecido. Não que isso importasse, já que uma-duas vezes por mês você aparecia pra comer e usar minha carcaça triste com uma alegria abutresca, e enquanto durasse o ato eu me sentia satisfeita. Inclusive é graças ao seu sadismo que me descobri assim, satisfeita em me sentir brutalizada conquanto me amem.

Mas agora, meu bem, agora nossa estória virou história. Minha ficha caiu e eu acabei me lembrando de que, quando quebrei a casca do meu ovo, lá onde o Judas perdeu as botas, a criatura faminta e semimorta que se arrastava pra fora do ninho não estava predestinada a se engasgar com metades. Eu nasci, querido, foi pra engolir a vida inteira.

Morremos um para o outro. E confesso: nunca pensei que morrer pudesse ser tão, tão tonificante pra mim - e também pro meu cabelo.