terça-feira, 26 de maio de 2009

Porque seu amor era, sem gênero,

o bom humor com tudo o que vinha dentro: cócegas, piadas, comentários irônicos ou bonitos, e sorrisos (sorrisos...).

A sensibilidade, o jeito de demonstrar as coisas que lhe emocionavam, o jeito de lidar com a vida.

A forma que cria na felicidade, a forma que lidava com as famílias e com os amigos. A responsabilidade, a inteligência.

A desenvoltura, o cuidado com as pessoas. O jeito de conversar, bem como as próprias conversas.

A dança, a música que era pra mim.

O jeito que me punha sem graça, o jeito que me abraçava e que me beijava...

Os cuidados, o carinho que tinha comigo.

O fenômeno que não se limitava apenas à minha cabeça, mas que era holístico, global.

O fato de não morrer, caso ficasse sem, mas de me fazer um ser humano imensamente mais feliz, mais completo quando existia em minha vida.

E a luz que irradiava, desde sempre.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Adaptado, maquiado e esquecido

O problema não fora Thomas ter estado com outra mulher. Como Tereza havia dito, ela própria sabia que cedo ou tarde isso iria acontecer. Na realidade, o problema fora isso também. Mas o mais doloroso foi que tivesse acontecido tão rápido, quando o cheiro de Thomas ainda estava em Tereza, quando ela ainda sentia de sua boca o gosto, de seu olhar o peso e de seu corpo, o calor. Tal atitude tivera o poder de transmutar o que viveram juntos em algo tão insignificante, pequeno e passado quanto uma refeição banal que se fizera no dia anterior e que, tendo sido ejetada do corpo, era difícil de ser lembrada.

sábado, 23 de maio de 2009

Five things I wanted to know less about

- My parents' sexual life;
- In what conditions that yummy hotdog was made;
- Who the celebrities are dating/broking with (seriously, who gives a damn?);
- Her ex-boyfriend;
- My friend's fungus "issue";


Note: this post was shamelessly plagiarized from here.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Bouli

"O inverno já está quase acabando
Boneco de neve, tome cuidado
O sol virá pra derreter
Com a primavera para aquecer

É meia noite, no céu a lua a brilhar
Com as estrelas brincando até o sol raiar
Ao perceber que o boneco estava a derreter,
Um toque mágico soprou, ele se transformou
E assim nasceu Bouli

Com seu chapéu, narizinho vermelho
Bouli é um bonito boneco de neve
Com seu chapéu, narizinho vermelho
Boneco de neve nos seus sonhos me leve..."


Bouli - o boneco de neve - é quixotescamente belo. Em face de sua morte simbólica (do derretimento de sua forma inanimada de neve), sua vida não lhe é restituída, mas sim desmerecidamente concedida. E Bouli sorri: nem mesmo o esclarecimento mais completo da confusão semântica que iniciou seu ser poderá, de forma alguma, destituir-lhe da posse que agora tem sobre si e sobre seu próprio (e vermelho) nariz.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ahan, bonzinho

A inaptidão para o mal nem sempre é fruto de uma índole bondosa e/ou solidária; não. Em alguns casos, ela é antes resultado da própria incapacidade, da própria ignorância do indivíduo. Isto de certa desmistifica o "bom": não raro, o que é tido como pureza de caráter não é senão a conseqüência involuntária de um acefalismo brutal. É por isso que talvez muitos de nossos santos e mártires não tenham sido nada além de tolos, néscios que, após reagirem de maneira grosseira diante de uma agonia cega, tiveram seus atos bem-aventuradamente interpretados por expectadores igualmente inescrupulosos. A incapacidade individual, após ser amplificada por um coro de incapacidades, cria portanto uma muralha intransponível, que não pode ser superada ou perfurada por qualquer tipo de lógica - e é exatamente nisto que reside o poder do povo.