quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Submersão subversiva

Sons brilhantes provenientes de aquedutos tranquilos, soltos ou em rodopio. Redes de pesca são habilmente lançadas aqui e ali, a esmo e ao além, buscando enredar peixes que já não existem mais.

Já não existem mais...

Aquedutos que desaguam numa lagoa profunda, um tanto turva, onde a luz não penetra mais do que uns poucos metros além da superfície. O fundo é frio, lodoso, mudo. O fundo é morto. Mas o desprovimento de vida ainda assim consegue emprestar beleza a essa lagoa; a beleza da paz, da calmaria que nada precede e por nada espera.

Contudo, um espichão, um movimento. A lagoa pressente que algo se move em suas profundezas elíseas. Há em mim algo estranho e intruso, ela confessa ao aqueduto, algo que em breve abandonará minha escuridão e virá à tona do ar e dos sons. E gritará: a natureza destas águas não é mais morta, pois eu (presumo que é provida de consciência), eu a habito em clandestinidade. Minha semente já foi plantada, e, tal qual Yggdrasil, brotará a ponto de tornar-se mundo. Um mundo chamado...

... chamado...