Pra mim não deu, e você sabia que ia ser assim.
Engoli a falta de coerência das suas explicações por praticamente quatro estações (verão, primavera, outono e inferno), apodrecendo sozinha na noite dos sábados em que eu te dava por morto ou desaparecido. Não que isso importasse, já que uma-duas vezes por mês você aparecia pra comer e usar minha carcaça triste com uma alegria abutresca, e enquanto durasse o ato eu me sentia satisfeita. Inclusive é graças ao seu sadismo que me descobri assim, satisfeita em me sentir brutalizada conquanto me amem.
Mas agora, meu bem, agora nossa estória virou história. Minha ficha caiu e eu acabei me lembrando de que, quando quebrei a casca do meu ovo, lá onde o Judas perdeu as botas, a criatura faminta e semimorta que se arrastava pra fora do ninho não estava predestinada a se engasgar com metades. Eu nasci, querido, foi pra engolir a vida inteira.
Morremos um para o outro. E confesso: nunca pensei que morrer pudesse ser tão, tão tonificante pra mim - e também pro meu cabelo.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
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Um comentário:
Camarão que dorme a onda leva, baby ;)
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