sexta-feira, 3 de junho de 2011

Saia de malha

Coxas brancas, lisas e cobertas por uma saia de malha também branca, esbarram nas costas da minha mão a cada vez que tento trocar a marcha do carro.

A meia luz dos postes que passam e a penumbra fosforescente da noite se refletem na boca que se abre num sorriso, que não sei bem se é sorriso mas, seja lá o que for, estou certo de que não é meu e sim seu. Procuro entender qual é a situação e quais seriam suas implicações, se talvez a imagem de você sorrindo pra mim não seria uma ilusão criada pelos caprichos de uma mente estimulada com álcool e com suor de gente, até o momento em que uma muito grande e muito escura sombra de árvore encobre o carro (parece que resolvi estacionar numa região erma), e giro para trás a chave na ignição: o motor do carro silencia, desligado.

Silêncio. Se estivesse sóbrio, sentiria meu coração tentando explodir.

Minha mão direita solta meu cinto de segurança e posso perceber, apesar da escuridão, que você também solta o seu cinto. Te trago pra perto de mim - uma mão na nuca, a outra num dos seus seios - e quando nos beijamos meus lábios me transmitem a mensagem de que sim, você estava sorrindo o tempo todo, inclusive agora mesmo, orgulhosa da fascinação que seu corpo me causa. Desajeitadamente você tenta desafivelar meu cinto; auxilio o processo abrindo o botão e o zíper da calça; ergo minha camisa até o peito e, buscando uma das suas mãos, te guio até um ponto onde você não possa ter dúvidas quanto ao meu desejo; você me aperta, me acaricia, e me aproveito da sua excitação para tatear suas pernas, brancas no escuro, lisas por baixo da saia; toco suas curvas e suas convexidades de um modo feroz, pulsante e todavia delicado; você sai do seu assento e se vira sobre mim, pernas abertas, sentando-se de frente no meu colo; o câmbio da marcha do carro atrapalha mas não impede nosso encaixe, que é apressado, um pouco doloroso, mas molhado e perfeito; as demais partes dos nossos corpos procuram um meio de devorarem umas às outras, mão, lábios, língua, respiração; seu perfume e sua umidade se desprendem com mais força quando você aumenta a freqüência dos seus movimentos, e eu inalo tudo isso - o odor doce, a fúria, a sofreguidão.

2 comentários:

Guilherme Mariano disse...

lol Porn!!!!!


The internet is for porn, the internet is for porn...

Anyway, bom texto.

Te falei que eu comprei a coleção do Milo Manara?

Raíssa Christófaro disse...

eu li isso ouvindo blues.
que é exatamente o tipo de música que a gente deve ouvir quando lê esse tipo de texto.