sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ahan, bonzinho

A inaptidão para o mal nem sempre é fruto de uma índole bondosa e/ou solidária; não. Em alguns casos, ela é antes resultado da própria incapacidade, da própria ignorância do indivíduo. Isto de certa desmistifica o "bom": não raro, o que é tido como pureza de caráter não é senão a conseqüência involuntária de um acefalismo brutal. É por isso que talvez muitos de nossos santos e mártires não tenham sido nada além de tolos, néscios que, após reagirem de maneira grosseira diante de uma agonia cega, tiveram seus atos bem-aventuradamente interpretados por expectadores igualmente inescrupulosos. A incapacidade individual, após ser amplificada por um coro de incapacidades, cria portanto uma muralha intransponível, que não pode ser superada ou perfurada por qualquer tipo de lógica - e é exatamente nisto que reside o poder do povo.

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