Não posso negar essa idolatria, essa predileção pela substância do ínfimo e do fugaz. Sinto prazer na ausência de valor, nos detalhes perdidos, na breviedade daquilo que acabou de ser e que, agora, foi.
No completo oposto da abundância, é exatamente a imposição de um limite - a morte, talvez - que permite a noção de intensidade, de paixão e de cor. Já a inexistência de uma fronteira nos desorienta, nos deixa sem ação. Bem ou mal, você sabe que é assim. Não se pode negar o quanto o livre arbítrio, em seu estado mais puro e inexorável, constitui uma idéia completamente aterrorizante.
É claro que soa absurdo. Mas só porque, em geral, nos foi possível escolher cativeiros que tivessem confortos. Confortos como televisão, água quente, internet, etc - e o mais importante, paredes invisíveis e discretas. Paredes que, enquanto transparentes, nos deixem perceber (e nos sentirmos esmagados pel)a vastidão opressora do mundo.
Contraditoriamente, porém, é no somente no horizonte que o sol se põe.
Mas isso não significa nada, é claro.
sábado, 5 de dezembro de 2009
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Um comentário:
engraçado, porque enquanto você dizia sobre paixão e morte, sobre a breviedade de tudo, eu lembrei de "O curioso caso de Benjamin Button". revi hoje e caiu bem.
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